" Que minha solidão me sirva de companhia
Que eu tenha a coragem de me enfrentar
Que eu saiba ficar com o nada
E mesmo assim me sentir
Como se estivesse plena de tudo."
Clarice Lispector
Ínfima Fagulha
Nada sou e ao nada pertenço
Ainda que trago casa construída
Com jardim de flores e endereço
Sou feita dessa tal solidão vivida.
Talvez por hábito do meu interior
[Desde cedo aprendendo a ser só]
Viu que o desapego é ainda melhor
Pois basta um sopro para se virar pó.
Assim, nada sou e ao nada pertenço
Diante do tudo e do imenso vazio
Sou passagem desse eu que penso
Ínfima fagulha que aqui surgiu.
Vilma Orzari Piva
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Ilustração: Imagem Pinterest