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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Poeta Manoel de Barros




Poeta Manoel de Barros

O poeta queria mesmo ser *fraseador
Dos mundos das coisas e miudezas.
Queria o que sentia um palavreador
Durante a busca das singelezas.

Ele tinha um caso com a palavra.
Desde muito cedo via belezas
Que se juntavam à sua lavra
Como pedras em suas purezas.

Ouvia nas conchas sons do mundo
E via o rastejar das lesmas no chão,
Fazia de conta que o sapo rotundo
Era boi e viajava de sela no sapão.

Pensava na garça branca de brejo
Mais linda que uma nave espacial.
Era da roça, do chão sertanejo,
E voava com pássaros do pantanal!

Vilma Piva 
Direitos Autorais Reservados ®


NOTA- * Fraseador- O Poeta Manoel de Barros fez essa 
referência a si mesmo no livro Memórias Inventadas - A Infância-

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O Amor Não É Assim

Obra: Monika Luniak



O AMOR NÃO É ASSIM

O amor não é assim como se pensa
Na juventude louca, provando
Do amor a dois e de experiências
Em busca do incrível, só ficando.

O amor não é assim como se pensa
Cada vez que ele tira o nosso ar
Até à primeira vista há diferenças
Entre tempos para se amar.

O amor não é assim como se pensa
Perfeito, entre um sorriso e outro
Se não existe iguais ou  licença
Para gostar dos gostos  d´outro.

O amor não é assim como se pensa
Só doces sonhos e expectativas.
Há dias de bonança  e desavença
E a vida a dois tem que ser criativa.

O amor não é assim como se pensa....
Se perto, sempre poderia ser melhor,
Se longe, a distância é a sua sentença,
Mas sem afinidades não há nada pior.

Ainda assim, do amor não adianta fugir,
ele sempre habita um coração acolhedor
Que tudo espera, ama, sofre e tudo crê!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

II - A ESTRADA - Do Universo de Manoel de Barros




A Estrada
[Caso de Amor]

Estrada deserta por abandono
Melhora se vou por ela sozinho
Andando só desde pequeno
Vou e volto nela com carinho.

Sobre suas pedras ou no entorno
Ninguém mais passa por esse caminho
Imagino que ela pensa sem adorno,
Igual a ela, eu estou acabadinho.

Aqui, bandos de caititus passavam,
Cavalos agora raramente vem,
Nem emas, nem cachorros passam por nós.

Numa boa, ensino a ela solidão
Das coisas que vão desparecendo,
Dizendo: - essa é a conduta, amor,

Igual ao filme de Carlitos com fome,
No final da estrada também ele some...

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

I - A Lata - Do Universo de Manoel de Barros -




A LATA

Miudezas transitam lá no quintal
Sobre uma lata enferrujada
Esquecida num canto, jogada,
Rodeada por musgo, limo banal.

É ali, desde o orvalho matinal,
O pouso dos caracóis em noitadas
Que rastejantes abrem estradas
Com suas barrigas pelo matagal.

Um mundo à parte lá no quintal
Onde a lata é cortejada
Por môscas em escaladas vivas.

E orgulhosa de ser quase imortal,
De nas ruas não mais ser chutada,
Cria raízes em estágios de poesias.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

sábado, 24 de janeiro de 2015

Náufragos



NÁUFRAGOS

Naveguemos nossos corpos em marulhos
Sobre o mar desejoso de nossas peles
Aquecidos do frio e chuva em fagulhos
Nas águas do amor para que nos sele.

Tuas mãos singram águas transparentes
No mar do meu corpo em mergulhos
Nadam do colo ao ventre, urgentes,
E eu abaixo do teu umbigo, patrulho.

Cada toque energizamos correntes
Liberando profundezas em atos
Úmidos náufragos confidentes

Dos oceanos que nos banham de fato
Em ondas sequenciais, excitantes,
De gozosos deságues insensatos.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Labirintos




LABIRINTOS

Labirintos  me levam
ao emaranhado de letras
sinosas,  a procurar teu nome
sobre as águas do mar.

Levam-me por ondas e
pontilhados, tracejando
caminhos pela superfície
até onde eu alcance o sal
que me espraia em espumas
sobre a praia da tua pele.


Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®


Ilustração: Imagem/Pinterest


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O Beijo que te beijo


O Beijo que te beijo

O beijo que te beijo, pecador,
É redentor dessa nossa paixão
Ardorosa que queima feito dor
Inquietante sem saber do perdão.

Um beijo que te beija dominador,
Que prende e solta o teu coração
Prá bater mais forte, avassalador,
No céu da minha boca de ilusão.

Beijo-te, ó  amor meu,  conspirador
Desse santo beijo em absolvição
Ao teu peito, molhado, abrasador,
  
Gerado em mim em comprovação
De teu gozo sonhado, arrebatador
Da minha vida. Ó doce missão!  


Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

sábado, 3 de janeiro de 2015

Haicais - Saí-Andorinha




SAÍ-ANDORINHA

*
Saí-Andorinha
ao redor das árvores
bicam frutinhas!

*
Saí-Andorinha
com suas cores brilhantes
aparece aos bandos.

*
Saí-Andorinha
escava o barranco
e ali se aninha!


*



Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®