terça-feira, 25 de novembro de 2025

Fênix

 Fênix

Se morro fora, renasço dentro.
Não sei morrer, e não me privo.
Recolho meus cacos e adentro
meu caminhar, agora mais vivo.

Vigio para sorrir se acaso tropeçar  
sempre pronta a seguir e avançar,
resiliente, desafiando o meu centro,
pois a vida é dádiva — meu motivo.

- Se morro fora, renasço dentro.
Não sei morrer, e não me privo.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®


Ilustração / Imagem Pinterest

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Sopro Íntimo



Sopro Íntimo

Ainda ontem ouvi tua voz se aproximando
dos meus sinais deixados à beira do caminho,
à procura dos nossos pedaços, das peças
que contam e reviram conteúdos de nós.

Talvez livros abertos para viagens solitárias,
de páginas descritas em versão secreta
onde só aqueles que se amam decifram
códigos e labirintos dos corações pulsantes.

E nessa distância que insiste em me medir,
teu nome ecoa no silêncio dos dias longos,
feito farol que vigia a margem onde existo.

Te sinto perto — ainda que estejas longe —
Teu eco viaja no vento e me entrega
Um sopro íntimo entre urgência e desejo.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®

Ilustração/ Imagem Pinterest

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Depois do Pôr do Sol


Depois do Pôr do Sol

Talvez ao longe tu ainda me vês,
Desbotada, depois que teu sol se pôs,
Sem me ver todo dia ou toda vez
Que o procurava na alegria que nos impôs.

No entanto, o riso em meus lábios se escondeu
E timidamente empalideceu a espontaneidade
Daquele olhar atento, que arrefeceu
Sem decifrar mais nada — apenas a sombriedade.

E mesmo ausente, o brilho se refaz
Na lembrança que o tempo não retira,
E o coração se acalma, pouco audaz.

Porque o amor, embora se delira,
É chama antiga, adormecida em paz,
Que em cada pôr do sol ainda respira.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®


Ilustração / Imagens Pinterest



sábado, 8 de novembro de 2025

Dias e Noites

 

Dias e Noites

Todos os dias vou colhendo saudades
Entre ternuras caídas pelo chão,
E belezas marcadas de verdades
No teu olhar, na linha da minha mão.

A cada alvorecer, um breve aceno
Da tua ausência no vazio da manhã;
É um suspirar sentido, triste e pleno,
Em meu abraço mudo — sem teu afã.

E há um sussurro que insiste em me chamar,
Dizendo o quanto te quero bem mais
Do que um dia pude em verso amar.

E lentamente o dia se faz adeus,
Para a noite surgir manto estrelado,
Cintilando teu nome: Ó amor meu!

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®



Ilustração /  Imagens Pinterest

sábado, 1 de novembro de 2025

Liturgia do Ser


Liturgia do Ser

E sou o tempo escrito na arte de nascer em movimento,
Sou um pouco de tudo e muito do nada desse trajeto;
Sou poema traçado em silêncio, em profundo sentimento,
A mulher que ama de paixão, sem jamais ser um objeto.

Sou o instante que se dobra em amanheceres tardios,
A lembrança que escreve sua própria cicatriz.
Caminho em mim, entre sonhos e desafios,
Colhendo do nada o tudo que me faz raiz.

Meu peito é templo, e meu amor é liturgia,
Sou memória na pele, sou fogo e contradição,
História que consagra e liberta a poesia 
O vislumbre e o encanto da emoção.

Vilma Orzari Piva
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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Renascimento



Renascimento 

Acostumada à tua presença, ao tempo e à forma de medi-lo,
de viver estações na plataforma do sonho, de visitar labirintos,
e de ouvir tua voz enlevando meus sentidos sob meus cabelos,
agora aceno à poesia e renasço, pra não deixar morrer meus instintos.

E amanhece um novo tempo, mas sem profundezas do que é apenas repetido,
surpreendendo meu olhar no limiar dos teus passos talvez cansados,
talvez voltados às tuas reflexões, desde o silêncio em que fomos detidos
por dias e noites, na tua clareza, até o final do nosso destino.

Compreendo que seja assim, pois não saberei caminhar na aurora
sem intensidades, nem sobre a superfície da memória de outrora;
sigo agora entre o real e o imaginado, recolhendo saudades.

Pois de tudo resta o sopro, um aceno, um traço, o agora:
a lembrança a pulsar nas dobras do caminho que aflora
o meu renascer levando teu toque pleno de eternidades.

Vilma Orzari Piva
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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Sopro da Aurora


" Porque amar-te é estar em cumplicidades
E a vida, um canto em doces harmonias."
                 Vilma Orzari Piva

 Sopro da Aurora

Numa lufada de vento , um fôlego, uma respiração
A plenos pulmões, oxigenando o corpo e sentidos.
Momento para ouvir ecos e ver reflexos do coração
Ritimando o frescor aos meus batimentos emitidos.

Assim, amanheço ouvindo o vento por aqui passar
Trazendo o amor nas nuvens em busca de respostas
E por alguns instantes beijo-te com chuva na alma
Diante da tua sombra caminhante e exposta.

E quando minha alma desperta em claridade,
Sinto a paz erguer-se entre os meus dias,
Vestindo-me de mãos em fé e serenidade,
E renasço em versos, em cores e alegrias,

 Talvez por um instante, talvez por um caminho
Haverá flores no jardim mesmo após a ventania.

Vilma Orzari Piva
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quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Redenção


Redenção

Por entre as frestas do meu coração
O silêncio se fez como corte na carne,
Ao saber-se sem motivo e emoção,
Após deixar teus verbos sem encarne.

Não sabia que doía tanto a falta de ti,
Sucumbida ao vento, querendo tua voz,
Misturada à minha, desde que parti
Pra lugar algum, se tínhamos nós.

Em cada sombra que o tempo me devolve,
Teu nome ecoa em preces que não findam,
Detalhes do amor que a lembrança envolve.

Mas sigo entre ruínas, aprendendo a ser coerente,
Tecendo em mim a redenção que ainda habita,
Feito cicatriz viva, pulsando, presente.

E quando a aurora tocar teu coração distante,
Renascerei serena dessa dor impactante.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Canto da Paz




Canto da Paz

Novo dia, primeira luz,
desperta a passarada
e a cantoria reluz
na manhã abençoada.

É dia de sol e paz,
de unir sorrisos e abraços,
de secar lágrimas e cansaços,
num despertar tenaz.

Homens, mulheres, crianças,
refazem sonhos, esperanças;
e a paz, em branda espiral,
anuncia — é fim da guerra descomunal.

Vilma Orzari Piva
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sábado, 11 de outubro de 2025

Beijo Da Luz



Beijo da Luz

Ah, como é belo beijar o mistério da luz,
Deixar que o encanto em versos floresça
Sentir o amor que a poesia nos conduz
E o ser em alma e corpo se engrandeça.

É nesse fulgor que a alma se traduz,
Que o verbo em fogo e música acontece,
Pois do amor puro o tempo reproduz
A eternidade em tudo o que enternece.

Que o amor acenda a chama da serenidade,
E o silêncio em prece o ser reluz,
Em eco de divina claridade.

Se um verso toca o céu na intensidade,
É porque a alma, em sua plenitude,
Fez-se poema — e o poema é divindade.

Vilma Orzari Piva
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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Vestígios ao Luar

Vestígios ao Luar

Reconheço teus passos nas ruas sem nomes,
Nesse mero existir que transcende a  ilusão
Das promessas como se  marcas uniformes
Desenhassem  dias de silêncio e instigação.

E entre sombras te vejo, fugaz, indecifrável,
Como brisa que beija e depois se desfaz,
No espelho da memória, és toque insondável,
Ecoando bons ventos que o tempo nos traz.
 
E como quem busca vestígios do que foi essência,
Reconheço a nostalgia que insiste em nos envolver
E ainda que não me chames sei-te em cada ausência
Pois és o luar que ilumina sem jamais se perder.

Talvez amanhã o dia renasça bordado de amor
E te encontre saudoso da magia de nós dois.....

Vilma Orzari Piva
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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Vidraça do Tempo


Vidraça do Tempo

Como lâmina invisível teus ecos cortam meu universo
De sentires profundos e reconheces o sal dos meus gritos
Na vidraça do tempo entre fragmentos do meu eu submerso
A cada porta aberta de minha alma em que tu fostes inscrito.

Talvez o amor seja essa asa ferida entre a prisão e a liberdade,
Revestida dessa estranha essência ao gerar emoções
De transcendência, indagações, profundezas e sensiblidade,
E perceber-se liberta para revelar-te em minhas inundações.

E se do amor floresce a seiva do instante, a paixão é o ardor
Frente ao abismo da solidão que também nasce em poesia,
Qual fogo a nos consumir plenos de vertigem e fulgor.

És verbo secreto, és claridade tardia, fogo abrasador
A cicatriz que pulsa, viva, incessante e se revela todo dia
Mistério que em mim abrasa, queima, avassalador.

Vilma Orzari Piva
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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Rito Profano




Rito Profano
" Na celebração do desejo o profano é divino."

A noite em teu corpo é pura liturgia
A carne acesa, a chama que me inflama
Oferta entre pernas em pura heresia
Arrebatando-me o beijo que se proclama.

Teu hálito é desejo e tua boca é prece
E em cada beijo o fogo se derrama;
A febre pulsa, molha, e me enaltece,
Brinda o prazer que o desejo reclama.

Sou rito profano em teu altar ardente,
Sacrílega amante, perdida em loucura,
Entre suspiros meu gozo é incandescente.

E quando em delírio tua pele me guia,
Desfaço-me inteira, nua, bálsamo e cura
Num êxtase insano e teu corpo me sacia.

Vilma Orzari Piva
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terça-feira, 23 de setembro de 2025

Mar de Luzes


Mar de Luzes

Escasso se faz meu tempo, por isso ele me dissolve
Em teu crepúsculo, e leva –me às portas da nostalgia
Revirando meu íntimo em silencio e ainda me envolve
Dos teus passos atentos, letra a letra em poesia.

És viajante no meu destino, o pretexto que amo
Junto da lua mergulhada no teu mar de luzes.
Meu roteiro e motivo na úmida língua que declamo
Sem saber se é dia ou noite em tempos audazes.

E quando me perco nos reflexos da demora
É tua sombra que desponta em claridade
O oxigênio que me refaz além do tempo e agora.

És homem cativo de um sonho que me guia
Colhendo do meu seio a chama que persiste
Em etéreo delírio quase presença e me irradia.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®


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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Clamor de Poesia



Clamor de Poesia

O´ encanto que me tem em doce paladar
saboreando meus sentidos, minha respiração,
querendo-me inteira, devoluta, para em ti estar
em versos, aplacando a fera do desejo e coração.

Mordo cada palavra que tua boca anuncia
e surpreendes-me  ao envenenar de vontades
o tom da minha pele num clamor de poesia
entregue aos ecos que transpiram intensidades.

Talvez seja apenas um fio ardente que resiste
entre cansaços e esperas, qual lume clandestino
apontando o caminho da chama que abriste.

E assim,  em ti eu renasci do meu próprio ser
cicatrizando nossa ausência  que tanto reclamas,
pois és chama bendita que não cessa de arder.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®

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terça-feira, 26 de agosto de 2025

Versos em Vigília



 Versos em Vigilia


Apesar de tudo, o silencio não aplaca as lembranças,
elas são presentes, constantes, e assim recorrentes,
transitam entre pensamentos e se fazem pertenças
dos vivos desejos a detalhar-te ainda que ausente.

Apesar de tudo, uma forte saudade  ainda me cobre
e rasga meu peito com  toques sutis, entrecortados
entre o delirio e a oração, entre o soluço que encobre
a noite insone dos meus olhos  tristes, lacrimejados.

Apesar de tudo, vejo-te em sonhos, e eu te anuncio 
com sorriso nos lábios, coração pulsante, braços abertos
como se fora minha liturgia e redenção que sentencio,
na prece secreta, o nosso amor em versos eternos.
 
E nesse tom saudoso, amoroso, os dias passam sem alaridos,
apesar dos gorjeios dos pássaros à sombra dos ipês floridos.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

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segunda-feira, 21 de julho de 2025

Arrebatamento


Arrebatamento

Embriago-me das setas atiradas
E deixo escorrer os suores etílicos
Das tuas palavras, ontem anunciadas,
Sobre meu alvo pulsante e idílico.

E vens num sonho que atravessa
As brancas paredes do meu quarto
Aproximando-se sem pressa
Da penumbra que contigo reparto.

E retiro do meu ventre a recusa
Dos meus seios o medo e a espera
Para enfim me abrir à tua luz sincera.

E assim, no gesto onde o corpo repousa
Sou tua, sem véus, em febre e ventura,
Rendida em ti, ao desejo e a loucura.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

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sexta-feira, 18 de julho de 2025

Beijo da Manhã



Beijo da Manhã

De prazer e amor são os apaixonados
No beijo da noite e no sorriso da manhã.
São dois corações felizes, compartilhados,
Por momentos febris com gosto de maçã.

No lençol da manhã, ainda mora o desejo,
Entre suspiros e migalhas de paixão.
Olhares sussurram segredos num beijo
E os corpos florescem na mesma canção.

O vento do inverno carrega promessas,
Num abraço quente para se aconchegar.
A cada gesto tudo se enlaça e recomeça
No prazer dos amantes a se entregar.

Vilma Orzari Piva
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quarta-feira, 9 de julho de 2025

Beijo da Noite



 Beijo da Noite

A paz que desce sobre a noite cresta ondas de ternuras sobre minha alma morena. 

Lustra meus lábios com brilhos ardentes de teus beijos onde as estrelas do céu vem suavemente pousar lumes na minha boca.

Incitam-me piscares sobre os incansáveis campos dos teus dias, desejosos por nós de infinitos prazeres multiplicando-se em beijos na noite.

Instigante, confessas-me que o noturno vem me amar, como só tu saberias me encontrar com a mesma cor em teu olhar, com a igual doçura daquela rosa que deixara ao meu lado para sempre te aguardar....

E não encontro sequer um não que o  retire desse meu colo atordoado,  por entre as seivas das minhas mãos envolvendo-te da minha pele recoberta de confissões e sonhos ansiosos que agora descem pelo corrimão do céu para que eu te enlace desejosa sob o edredon.

 E te quero comovido num profundo respirar em meus sentidos. E te aqueço do frio do inverno nas mantas do meu amor, pois teu corpo de loucuras e vertigens cingem-me das baladas que entorpecem as gravuras desenhadas na cabeceira da nossa cama desalinhada.

Rastreiam-me arrepios pela espinha, comprimindo os ares quentes dos becos sem saídas magnetizando teu tórax sobre meu ventre.

Transbordo-te num mar noturno sem salvação, náufraga no teu aconchego ao eternizar o calor dos lençóis e da noite arfante aos nossos ouvidos em delicias de amor.

 És meu louco do bem, entre céus e infernos, verões e invernos, borrascas e brisas, planícies e precipícios, águas marinhas e cachoeiras.

 Tu és o arquiteto do meu solo e o subsolo desse meu amor por ti.

E te elevo por ondas e desfiladeiros, pois ardiloso, 

bem sabes que és meu doce mar e toda essa minha inundação....

 Meu louco ! Meu prazer !


Vilma Orzari Piva
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Ilustração / Imagem Pinterest

terça-feira, 1 de julho de 2025

Linguagem do Coração



Linguagem do Coração

Existem vozes que me levam a pensar
Que o amor renasce dentro do poema
E toda palavra se estende ao linguajar
De um coração sem qualquer estratagema.

É apenas coração pulsante, fervoroso,
Decifrando sinais para sua concepção
Ao refletir dogmas do tempo amoroso
Quase intangivel para sua transcrição.

E assim, me deixo guiar por entre os versos,
Onde o amor se revela em forma e essência,
Desatando os laços mais controversos
Num rito íntimo de pura reverência.

Pois há na poesia uma luz escondida,
Que do amor faz morada e argumento,
E ao nomeá-lo, devolve-lhe a vida
Como sopro etéreo do sentimento.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

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sábado, 21 de junho de 2025

Minha Rua



Ilustração / I A

" Minha rua tinha casas brancas e coloridas
todas com uma área de varanda na frente
com mureta para apreciar o tempo e a vida." 
Vilma Orzari Piva


Minha Rua

A minha rua era cheia de crianças,
de todas as idades, tudo misturado.
Havia brincadeiras nas tardanças,
sem qualquer perigo no asfaltado.

Meninos com bolinhas de gude
jogavam no triângulo já riscado,
as meninas brincando com atitude,
saltando amarelinha, bem arriscado.

Ainda jogavam bola, drible e golzinho,
matança, pular corda e balança caixão,
muita correria no pega-pega, ou sozinho
no esconde-esconde, polícia e ladrão.

Era uma rua plena de vozerio e alegrias,
e nas calçadas, as pedras portuguesas
sabiam dos passos e das boas parcerias,
e do cheirinho dos quitutes sobre as mesas.

Minha rua não temia o passar das horas,
pois cada tarde era eternizada em harmonias.
Hoje mora, ali, o tempo das memórias d’outrora,
e da infância viva debruçada em belas cercanias. 

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®



Obs  * Brincadeiras de crianças citadas na poesia  
       nem sempre conhecidas:
* Matança - essa brincadeira equivale ao jogo de "Queimada"
* Balança Caixão - uma variação do esconde-esconde 


segunda-feira, 16 de junho de 2025

Prelúdio Do Teu Olhar


Prelúdio Do Teu Olhar

Teus olhos atentos souberam projetar a solitude,
a distância e o silencio entre piscares de um desejo
e não posso negar que me habita essa tal virtude
de querer-te apaixonadamente despido num beijo.

Tuas mãos, mapas trêmulos na minha pele ardente,
escrevem segredos no véu do meu arrepio calado,
e no roçar dos nossos mundos, quente e urgente,
sou chama que se inflama no teu corpo derramado.

E se no teu olhar arde o mistério do infinito,
me lanço inteira nesse abismo que me consome,
feito verso febril no limite do que é bendito.

Que seja teu o fogo, o gozo, o sal do meu nome,
e que nessa entrega onde o pudor desfalece, admito:
que eu refloresça em ti - onde o amor se reconhece.


Vilma Orzari Piva
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Ilustração / Imagem Pinterest

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Reverso



 Reverso

Não havia percebido a ferida do abandono
agarrada ao meu colo, num colar de angústias.
Tampouco pensei que tivesses tanto querer
respirando o meu ar quente, inconfessável.

O que sei é que não pude dizer todo o meu amor
debaixo da tua pele, incendiando cada poro meu,
nem do meu ser comovido misturado às tuas línguas
nas salivas e tremores, em ousadias do ontem.

Agora só resta o tempo para o desalinho,
teu cheiro escondido nas dobras da saudade,
e o eco da distância latejando em meu caminho.

Mas ainda que o tempo me roube o verso
teu nome escorre em mim feito vinho raro,
ardente presença embebido no meu reverso.


Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®


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sábado, 31 de maio de 2025

Ecos da Poesia



Ecos da Poesia 

Sei que não sou aquela que você pensava
Entre nomes suspirantes na costa do silencio
Tampouco sou matéria palpável que esperava
Caber num verso espelhado de prenuncio.

Mas ressurgi sobreviviente das tempestades
Procurando o farol da ilusão nos ecos da poesia
Com lágrimas nos olhos e sorriso de serenidade
Ao encontro do paraíso inalcansável da estesia.

Somos feitos das vãs ilusões murmurantes
Da complexidade de ser e do não existir
Um tanto do lume das esperas vibrantes
Na palavra que insiste em nunca partir.

E se não fui o fulgor de teus ideais,
Fui brisa entre as margens que soletraste,
Fragmento de luz no tempo que calaste.

Agora sou verso em abismos siderais,
Silêncio que canta essa ambiguidade,
Eco da palavra que em mim eternizaste.

Vilma Orzari Piva
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quarta-feira, 28 de maio de 2025

Cartografia do Sentir

 


Cartografia do Sentir

Há momentos que suponho ser um convite
A bailar no mais secreto dos meus sonhos
Esses ares de vento, numa lufada que permite
Aflorar o meu sentido de rio onde componho:

Ora remanso em teus braços de aconchegos,
De margens seguras e paisagem enluarada.
Ora cachoeira em teu corpo de desassossegos,
Em águas de alvoroço, em ti mergulhada.

Então sou a dança das águas junto ao vento
O ritmo das cheias, das chuvas, e das vazantes,
O sentido e o percurso do meu pensamento.

E quando em ti deságuo sem resistências,
Traço no teu corpo as rotas do meu sentir,
Mapa onde repousa minha alma em latências.


Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®


Ilustração/ Imagens Pinterest