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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Solidão




SOLIDÃO

Solitário, aquele banco de jardim
imóvel sob as intempéries do tempo,
é cercado de ventos gelados sem fim
e por estórias esquecidas no tempo.
 
Vê-se o abandono nessa solidão
sob os estremecimentos dos arvoredos
e a cada tremular dos galhos  em vão
soltam-se as  folhas para os degredos.

Sob sol ou chuva aquele banco
fica à espera de alguém por abono
que venha cessar o seu abandono.

E deixar de ser tão só, tão branco,
Para colorir-se de alegrias em dias de outono
e ter a companhia de um sorriso franco!

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Haicai - Papoulas


PAPOULAS

Flor que rotula
Da cura à culinária_
Frágil papoula!

*
Origem asiática
é usada com cautela
planta proibida!

*

Roxa, vermelha,
branca  e cor de rosa 
São essas suas cores!

*

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados  

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Signo do Amor

Obra de Irina Vitalievna Karkabi - Amantes



Signo do Amor

Tu vens signo florescido de amor
Nas pétalas dos perfumes e sorrisos
Ajardinar meu corpo de paraísos
E no orvalho da noite sou tua flor.

Tu vens no vagão da primavera
Precipitar-me abismos de rosas
Por entre tuas pernas ardorosas
Trilhar minha pele de quimera.

E o seio da noite em teus braços
Geme em minha boca sensitiva
Nessa tua rubra cor que atrativa

Tinge carícias em meus abraços
No teu corpo de paixão locomotiva
E embarcas-me em ti sempre-viva.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

domingo, 2 de agosto de 2020

Estadia I




ESTADIA I

...E tu emerges das profundezas
Nesse mar que em súbita maré
Envolve o marulhar das umidades
Num ócio de ondas de ternuras
Salpicando beijos aos meus pés.

Alongam-se os dedos nas águas
Sobre os pelos dourados de sol e sal,
Num transe de lambidas e chamados
Torneando visões de teus afagos
Tragados pela pele dos delírios meus.

Tal esponja absorvida em lúdica estadia 
Enfurecendo o dia para te por em calma
Na noite do meu corpo ensolarado do teu.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

AGÔSTO - Recorte em Destaque



AGÔSTO

Lembro-me bem. Foi quando julho se foi, que um vento mais gelado, mais destemperado, que arrastava ainda folhas deixadas pelo outono, me disse algumas verdades. Convenceu-me de que o céu começaria a apresentar metamorfoses avermelhadas. Que a poeira levantada por ele daria lições de que as coisas nem sempre ficam no mesmo lugar e que é preciso aceitar que a poeira só assenta depois que os redemoinhos se vão.

Foi quando julho se foi que a minha solidão me convidou para uma conversa. E me contou de tempo de esperas. E me disse que o barulho das árvores tinha algo a dizer sobre aceitação. E eu fiquei pensando como elas, as árvores, aceitam as estações que, se as estremecem, também lhes florescem os galhos. Mas tudo a seu tempo. Foi em agosto que descobri que os cachorros loucos são, na verdade, os uivos que não lançamos ao vento. São nossos estremecimentos particulares que a nossa rigidez de certezas não nos permite encarar.

O mês de agosto tem muito a ensinar. Porque agosto é mês jardineiro, é dentro dele, berço do inverno, que as sementes dormem. Aguardam seu tempo de brotar. Agosto é guardador da boa-nova, preparador de flores. Agosto é quando Deus deixa a natureza traduzir visivelmente o tempo das mutações.

Mude, diz agosto, em seu recado de sementes. Aceite, diz agosto, com seu jeito frio de vento que levanta poeira e a faz avermelhar o céu. Compartilhe, diz agosto. Agasalhos, sopas quentinhas, cafés com chocolate, abraços mais apertados – eles também aquecem a alma e aninham o corpo. Distribua mais afetos, que inverno é acolhimento, é tempo de preparar setembro. E, de setembro, todos sabemos o que esperar. Esperamos a arrebentação das cores, que com seus mais variados nomes vêm em forma de flores.

Vamos apreciar agosto, recebê-lo com o espanto feliz de quem não desafia ventos. Que ele desarrume e espalhe suas folhas e levante suas poeiras.
Aceite as esperas, mas coloque floreiras na janela.

Só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera! 

Miryan Lucy de Rezende
Escritora e Educadora Infantil “