Seguidores

Mostrando postagens com marcador Prosa Poética. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Prosa Poética. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Beijo da Noite



 Beijo da Noite

A paz que desce sobre a noite cresta ondas de ternuras sobre minha alma morena. 

Lustra meus lábios com brilhos ardentes de teus beijos onde as estrelas do céu vem suavemente pousar lumes na minha boca.

Incitam-me piscares sobre os incansáveis campos dos teus dias, desejosos por nós de infinitos prazeres multiplicando-se em beijos na noite.

Instigante, confessas-me que o noturno vem me amar, como só tu saberias me encontrar com a mesma cor em teu olhar, com a igual doçura daquela rosa que deixara ao meu lado para sempre te aguardar....

E não encontro sequer um não que o  retire desse meu colo atordoado,  por entre as seivas das minhas mãos envolvendo-te da minha pele recoberta de confissões e sonhos ansiosos que agora descem pelo corrimão do céu para que eu te enlace desejosa sob o edredon.

 E te quero comovido num profundo respirar em meus sentidos. E te aqueço do frio do inverno nas mantas do meu amor, pois teu corpo de loucuras e vertigens cingem-me das baladas que entorpecem as gravuras desenhadas na cabeceira da nossa cama desalinhada.

Rastreiam-me arrepios pela espinha, comprimindo os ares quentes dos becos sem saídas magnetizando teu tórax sobre meu ventre.

Transbordo-te num mar noturno sem salvação, náufraga no teu aconchego ao eternizar o calor dos lençóis e da noite arfante aos nossos ouvidos em delicias de amor.

 És meu louco do bem, entre céus e infernos, verões e invernos, borrascas e brisas, planícies e precipícios, águas marinhas e cachoeiras.

 Tu és o arquiteto do meu solo e o subsolo desse meu amor por ti.

E te elevo por ondas e desfiladeiros, pois ardiloso, 

bem sabes que és meu doce mar e toda essa minha inundação....

 Meu louco ! Meu prazer !


Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®


Ilustração / Imagem Pinterest

quarta-feira, 5 de julho de 2023

A Vida Segue



A Vida Segue...

A vida segue..... sem se importar com as dores da perda, da ausência, da falta de uma palavra na rotina dos dias.

É preciso seguir em frente,  estender o olhar para o infinito, olhar ao redor e acostumar-se com o amor que não morreu pois  ele vive no coração da gente.

E vou me deixando nos braços do tempo, junto do amor e da saudade que ora respira ares de vida, ora compreendendo que não há volta , nem escolhas, nem revolta porque assim é a vida.

E assim como o sol nasce todos os dias e também morre na beleza do entardecer..... eu vou seguindo a vida por esse azul insistente......


Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®




Ilustração : Imagem Pinterest


sábado, 3 de abril de 2021

Vestida de Amor




VESTIDA DE AMOR


Eu, sem mar, sem barco, sem praia e sem cais,
deitarei entre teus braços no vão da noite quase vazia.
Ali estarei, sem adornos nos cabelos, sem as sedas
nos meus ombros alvos e nús.

Estarei inteira em ti, acariciando teu rosto, teu peito
tua boca destemida, acordando o caminho dos teus poros 
nas pontas dos meus dedos.

E perdidamente, apenas vestida de amor, estarei em ti
e quanto sinto por ti não poder me ver sonhando acordada,
num abraço que me envolve e devolve o riso da felicidade
onde já não existe mais o mundo,
sòmente nós e o paraíso!


Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

Ilustração: Imagem Pinterest

sábado, 8 de agosto de 2015

Cadeira na Calçada



Bem nos disse Mario Quintana sobre um tempo que havia cadeiras nas calçadas,
e desse tempo eu me recordo bem....

Lembro daquele burburinho da rua Santa Cruz nos finais das tardes, quando a criançada num corre-corre já esperava os amigos para brincarem de amarelinha, matança, bola, bolinhas de vidro, peão, boneca ou bicicleta, enquanto os adultos se acomodavam em cadeiras nas calçadas, sob a luz da lua, para mais um bate papo na boca da noite.

O tempo passava devagar ......acho mesmo que ele meditava sobre os risos soltos, os pequenos gestos, as grandes amizades e sobre o cuidado daqueles olhares atentos de meu pai.


Saudades da minha rua!

Saudades dos meus pais!!


Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®




quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

De caso com a solidão



DE CASO COM A SOLIDÃO

Estar de caso com a solidão é reescrever sobre um bloco de notas o Eu sozinho que ali sempre estivera acompanhado, rumando outras direções.

É o momento estático dos ponteiros da balança interior, apontando qual o peso flexível do ser que se revê através dos (des)apontamentos da vida.

É um sentir modificado, reestruturando pensamentos do que se teve e tem, ou que ainda se almeja, estendendo-se no retrovisor de um circuito fechado, antenado às janelas que descortinam decisões de caminhos por estradas floridas ou por túneis sombrios.

É o sentar-se consigo mesmo no centro da alma, e olhar frente à frente todos os que se foram, os que ordenaram, os que sonharam, os que vigiaram, os que permitiram, os que solicitaram, os que realizaram e os que nada fizeram.

Estar de caso com a solidão é sentir o estado transitório do descolorimento, onde se criam frestas nos tons dos portais das essências que nos refletem e regem, vestindo-nos de transparências na face do novo.

É a releitura no reverso da ação. Vive-se mais a contemplação num regalar-se em si, de excessos e de vazios, junto da taça do fel e dos seus antídotos, bebendo a fluidez das vozes da solidão.

É nesse momento que se ouvem os sons de uma repaginação no impossível das nossas buscas... no talvez... no quem sabe... nos nãos e nos sins, por essas trilhas do ir sòzinho agregando em si uma nova visão, compondo no rodapé das páginas vividas a retomada de escolhas.

Permitir-se só, sem ficar de fora do que se tem por dentro, num estado de ponte interior para se fazer travessias ao longo do tempo, é saudável e necessário, pois se a solidão por vezes nos retrocede também nos alavanca ao encontro da pedra polida da nossa própria história.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

Da minha Varanda



DA MINHA VARANDA

O dia amanheceu preguiçoso respirando o ar puro das manhãs tranquilas. Um sol tímido espiou mansamente os telhados e quintais que ficaram recobertos de folhas trazidas pelo vento noturno.

As calçadas e as ruas esperam enxugar-se por entre os amontoados que misturam galhadas e flores de Ipê, enfeitando agora os entulhos da esquina que ainda ontem denunciava uma parede recém pintada.

As casas ganharam cores sombreadas de umidades e suas janelas gotejaram lembranças do açoite e do uivo temporal que cantara solenemente a cumeeira.

E o dia abriu-se atrasado, se fez curto, iluminado de brevidades que da minha varanda se estendeu em quietudes e carícias sob o manto da aurora em paz....

Hoje, mais cedo, acenderei estrelas no céu e a brisa mansa me anoitecerá.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mar de Amor


MAR DE AMOR

Do amor, tu és a luz por entre as brumas dos mares que ao longo dos dias segregam silenciosamente ao leme desse barco, à revelia dos meus mapas, e levam-me ao destemor dos ventos sobre as milhas azuis nas ondas do teu condado.

Navego por tuas rotas engenhosas que se transmutam em porto na minha voz murmurante de fulgores e nas espumas de teus beijos timoneiros na minha face. Neblinas-me ao chão, às costas do marejar enluarado de teu semblante distante e contas-me o que fui antes de ti: pequena presa aos cinturões foscos das mal desenhadas caricaturas de corais quebradiços em meus cabelos.

Engedras-me, esperançada, a vislumbrar a terra prometida em nossos corpos de vigílias e medos, ansiosos por vivendas às vésperas dos alcances das bonanças em nosso cais.

Materializo-te na proa desse sonho singrado pelas intempéries submersas do meu coração e sinto-me capitaneada por teu lastro certeiro, ancorando-me em tua direção.

E já não sou partida ou uma lágrima tragada. Sou por ti todos os rumos ao reencontro do teu amor iluminado, pois tu és todo advento crescente em meu ventre no roteiro da feliz chegada.

És a rara emoção das conchas sedentas por tuas palavras.... o arremedo litorâneo das tuas horas solitárias....a porção de areia tingida nas cores da tua praia.... o lual dos teus braços cansados no final da jornada.... o desejo embebido do teu riso livre dos ditames das togas consumadas na razão.

Debruças-me canções de remos, nesse transpirar ilhado em teu peito oceânico, encharcando-me de arrebentação ao balanço das águas espraiadas e sigo, molhada em teus braços de horizontes em teu mar de amor.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

domingo, 9 de janeiro de 2011

Beija - Flor




BEIJA - FLOR

O sol à pique que escaldava o meio dia com raios abrasadores, mansamente aliviou a soberania de seu calor para que a tarde se fizesse mais amena no cansaço dos rostos que respiravam o abafado dia.

Viera enfim a hora de relaxar, descontrair, de não se importar com uma bola batendo em repiques num corredor de algazarras, de sentir no ar um cheiro bom de café e bolo, de deixar o corpo solto numa música, enquanto as flores dos quintais repartiam belezas refrescantes em balanços displicentes com os varais das roupas ainda penduradas.

Bem nessa horinha descuidada, de repente, a tarde ventou na saia rodada de mil flores pequeninas sobre os pés descalços da mulher, que no quintal descansava num sonho acordado sobre uma página de um livro.

E de súbito, um ruflar intermitente de asas verdes azuladas, brilhantes, coriscantes em levezas de vôos, circundava ventos ligeiros no rosto daquela mulher. Espantou-se com um morno olhar, surpresa, logo se aqueceu, tentando acompanhar o tracejo do caminho que ziguezagueava como flechas disparadas no ar.

Era o vento de um beija-flor em busca do pouso na flor de seu jardim. E seu olhar junto dele ali pousou, desfrutando do colorido das asas que por tantas vezes o viu voejar ao longe, sem que pudesse ver de tão perto o raro tom acetinado de suas penas.

Suspirava a mulher fascinada pela tarde dos deuses que concebiam pequenas alegrias no transbordar da vida arejada, tornando-a mais bonita.

Delicadamente, ela viu o beijo manso do beija-flor, com seu bico fálico no orifício vaginal da flor, sugar o doce néctar que a natureza os contemplou.
E ele pairou, respirou e voltou como se volta num doce pensamento e de novo a beijou.

E a tarde de encantos tremeu nos lábios daquela mulher, por alguns instantes, descobrindo-se no canto da sua boca o gosto maduro de um beijo de amor.

- Que bom que a vida traz umas horinhas descuidadas à flor flechada de verde azulado nas prazerosas tardes de aragens!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Amor sem adeus



AMOR SEM ADEUS


O enunciado que tem lanhado meu peito, feito viço ao avesso, maltratando os desejos de uma saudade incontida, esparrama meus olhares pelo universo do amor sem adeus.

Pois tu, meu poeta, desdobraste-me em versos, e eu por ti adentrei os silêncios a procurar-te no cotidiano da minha rua, e tu por mim, guardas o amor que nos pertence para o encontro esperançado dos nossos corações.
E por nós dois confesso-me plena do nosso amor.

Pois eu já sabia que não haveria outra rima, senão a tua, que sem me conhecer me sabia ao abrir as portas de um sonho de vida, e que nos acalantaria sem prazos, sem promessas, sem relógios, pois não houve um dia sequer que desbotasse teu rosto em meus traços, eternizando tua mão que emprestara a de Deus para acolher minha fragilidade.

E depois de ti não houve refúgio para minha alma desperta, por tanto bem querer, senão esse horizonte longe para perto dos meus seios, próximos dos nossos quintais a suspirar noites chamando luas de idas e partidas, estrelas de sorrisos e cometas radiantes de esperanças.

Aqueces-me em chamas de mulher que sem medo conheceu contigo a medida exata do amor transbordante de boas venturas e é por isso que te sigo e vou pastoreando a nossa felicidade interpretando o vento quente da tua boca nos meus ouvidos.

Nutro teu nome em meus lábios de carícias a frente da neblina dos teus dias perfeccionistas, tímidos, tenazes, valentes, audazes, brilhantes, tentando invadir a vontade que nos mescla e povoa a sedução dos nossos corpos no limiar dos nossos pés parceiros.

Ah! Meu amado! Desloco a vida para morrer aquosa no teu corpo de sensações e contigo viver a amplidão do que somos para não desaprender o que é ser feliz.


Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Amanhecer em teus acordes


AMANHECER EM TEUS ACORDES


O amanhecer das flores orvalhadas, por entre beijos guardados nas reentrâncias dos travesseiros, acorda-me perfumada de ti , e conferes minha pele nas pontas de teus dedos carinhosos, que perceptíveis expandem-se por caminhos umedecidos em tuas noturnas digitais.

Acaricias meu rosto, meus cabelos estendidos na temperatura de teus abraços reluzindo o sol sobre a cama desarrumada.

Ao som dos pássaros canto teu nome no céu da minha boca e vislumbro o amor nas paredes azuis do nosso quarto.

Sinto o néctar de nossas línguas embebidas de licores, despertando meu corpo no transpirar das gotas da tua saliva, e estremeço minhas pernas na harmonia de teus cânticos deixados sobre meu umbigo.

Afasto suavemente o lençol... Encontro sobre meus seios teu beijo tatuado num sorriso. Estendo-te minha mão. Palmo à palmo acaricio teu peito de acordes e envolves-me ao rocio dos desejos. Quero-te!

E invade-me o tremor da tua voz ancorada nos meus ouvidos, palpitando-me felicidades sobre os balcões dos dias que renascem para nos ver felizes!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

sábado, 28 de agosto de 2010

Clamor aos Céus


CLAMOR AOS CÉUS

Amor... perceba as manhãs.
Olhe a luminosidade com que os raios de sol clareia a vida dos amantes apagando faíscas de desencantos, acendendo quentes murmúrios apaixonantes...

...É assim que o amo em cada amanhecer: buscando os dias em suas mãos, roçando sua pele, conferindo nas pontas dos meus dedos o seu rosto, seus olhos, seus lábios, que umedeço na esperança de lhe ver.

Perceba a tarde...
Sinta o mormaço que envolve os pares trazendo a chuva de verão que molha a pele e alivia temperaturas dos corpos apaixonados, acalmando as trovoadas do amor que desfolha...

...É assim que o amo em cada entardecer: aquecendo meus olhos em você num doce balanço da rede, à sombra de uma ilusão desmedida, guardando-me lascivamente neste sonho em que dormi.

Amor, perceba a noite...
Entenda o céu escuro que realiza os desejos acariciando os amores perfeitos, aumentando os segredos, revelando as verdades, cintilando nos olhos daqueles que já estão refeitos...

...É assim que o amo a cada anoitecer, indo ao seu encontro, perfumando-me de você, abrindo meu coração na volúpia do meu ser entregando-me por inteira....

Será que agora me vê?

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados®

domingo, 22 de agosto de 2010

O Homem e o Poeta

Imagem by Paulo Madeira

O HOMEM E O POETA
O homem trava sua íntima luta convencido do real sobre tudo o que se tem provado, desmistificado há séculos e o que se vem desvendando sobre o universo, sobre o movimento da terra, sobre as rotas dos cometas e dos foscos estilhaços que vagam pela estratosfera. Sabe da composição cósmica, dos satélites, das estrelas, da velocidade da luz, do chão lunar, da explosão nuclear, das experiências siderais, no entanto nada disso o satisfaz, não o completa, não o preenche. Ele tem dentro de si um inquisidor, um observador, um descobridor nato sob o prisma de seu olhar....E a razão argumenta a cada vez que os olhos do homem se erguem para contemplar o céu....

Ele reconhece que tudo está como sempre esteve no universo, silenciosamente confirmados entre as constelações e os planetas, entre o dia e a noite, entre as estrelas e os cometas.
Mas o homem insiste e se projeta em sua busca. Estende seu olhar, adentra o cosmo, e num piscar de olhos vê-se flutuar movido pela força da galáxia de seu coração....
Descobre-se em combustão, desprendido da razão ele paira sobre o universo, tal qual um grão de poeira cósmica admirando novas formas do caleidoscópio celeste e na sua retina tudo gira num mosaico de vertigens.

É um momento mágico, telúrico, deparado-se o homem com o poeta.
E ampliam-se ecos de risos e lágrimas, painéis de claridades e névoas emoldurando-se de grandiosidades....Sutilezas que só os seus olhos conhecem e os desvendam para o mundo.
Conversa com as estrelas, decifra partituras do silencio e sorri iluminado para o sol ao distinguir luzes no altar da lua..... Ele respira vidas pela imensidão..... Identifica-se. Vê mil olhos que brilham, mãos que chamam, lábios que convidam horas canônicas pelo orbe e encontra-se no trafego das próprias mãos e não mais se detém. Ele escreve.

Entrega-se ao ofício de poeta e deixa-se sonhar com a luz no final do túnel, no qual misteriosamente ele transcende e não há argumentos que o convença a não contar, desvendar ou ouvir estrelas...
Sobrepõe-se à sua razão o sensitivo de sua alma e coração, a emoção do seu olhar abduzido pela galáxia pulsante de seus sonhos e crenças de fé na plenitude dos alcances da sua inspiração.

 

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados®