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sábado, 27 de agosto de 2011

Hora Canônica


HORA CANÔNICA

Por entre ramos, devagarinho,
A tarde cai vermelha ao léu
Despedindo-se das asas do céu
Retornando pássaros aos ninhos.

Gorjeios silenciam no poente.
É hora canônica. Fim do dia.
E a noite cicia nova melodia
No noturno da lua crescente.

Estrelas iluminam olhos amantes
Brilhando no céu luz enluarada
Esgueirando-se na madrugada.

E ao bocejar dos lastros silentes
Nova luz desperta a passarada.
Canta o sol, manhã ensolarada!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

O amor é uma loucura


O AMOR É UMA LOUCURA

O amor é uma loucura
que nos põe loucos até achar
esse sentido que nos depura
enlouquecidos de amar.


Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Chuvas de Carícias


Obra de Pascoal Chovê


CHUVAS DE CARÍCIAS

As nuvens em gemidos desprendem nosso lençol
E envolvem meu corpo nas minúcias das tuas mãos
Abarrotando-me da música que extrapola emoção
Nos sulcos da minha boca ao teu toque em sibemol.

E nosso amor acontece porque nele palpitam rotas
Nas cordas que ao vento estremece nosso silencio
Num sorriso revelado às margens leves daquele rio,
Eternamente em fugas nas vazantes das comportas.

Nutrindo o leito dos nossos sonhos acumulados,
Sob límpidas chuvas de carícias que lado a lado
Conspirou-nos cingidos da crescente lua sem dó,
Nas cheias de todas as coisas do amor profundo
Estendendo-nos a ilusão de não mais estar só.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

domingo, 21 de agosto de 2011

Maré Cheia



MARÉ CHEIA

Tuas mãos indecentes tocam meus seios!
Devassam minhas vestes, rasgam delírios
Que por baixo dos panos eu me bandeio
Impudica ao prazer da carne em martírios!

Ah... estremeção desejosa dos meus picos!
Dos meus bicos em teus dedos libertinos,
Loucos, lúdicos a me massagear empinos
De paixão à tua palma em linhas que vivifico!

Despudoradamente invadida por tuas mãos
Sequiosas, sedutoras em meus labirintos,
Desvendando o cerne do gozo e da atração
No quanto te quero em meus instintos!

E te trago aportado, inundado de avanços
Junto ao meu ventre em marés cheias,
À flor das águas dos desejos, em balanços
De ondas espraiadas por toda minha aldeia!

Vilma Piva

Direitos Autorais Reservados ®

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Brisa da Noite





BRISA DA NOITE

A brisa da noite é asa no silencio
Coroando de frescor o colo meu,
Lembrando teu vento que prometeu
Arejar todo meu corpo ainda que tardio...

Lufadas acarinham meus cabelos
Cheios das noites em teus ombros.
Meus olhos perdidos, dois assombros,
Acastanhados reféns de teus apelos.

Tremulam rendas, piscam ansiedades,
E meus panos se desprendem da cintura
Onde deixaste teus beijos sem curas,

Tão marcados de paixão e amorosidades
Que a doce brisa que passa me tortura,
Querendo-nos bem perto em aperturas!

Vilma Orzari Piva
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ó Tristeza, me perdoe...



Ó TRISTEZA ME PERDOE...

O´ tristeza me desculpe...
Desfiz dos teus olhos, enxuguei o pranto
Que na tarde caía banhando meu rosto
De dores irmãs exiladas ao manto
De um quebranto opaco, agora deposto.

Ó tristeza vais-te embora...
Vi acontecer a noite num raio estelar
Sonhando alegrias num sopro de vento,
Que num piscar de olhos me fez voejar
Encantamentos d´ ave em movimento.

O´ tristeza chegou a hora...
Hoje estou liberta de teus paramentos!
Meu coração erguido reclama cintilar
Minhas pupilas videntes de proventos
E minhas mãos fúlgidas no céu do luar.

Ó tristeza me perdoe...
Eis o meu abraço no alvor do linho
A minha cota de carências desatadas
Minha boca em beijos na taça de vinho
E minha seara feliz ...por ti apiedada.

Vilma Piva
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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ponto e Contraponto







PONTO E CONTRAPONTO
 - Completudes -

Pintado em papel branco o ponto preto
Tingiu-se à nanquim um beco escuro.
Um ponto sem luz, barreira e muro,
Deixado ali sem qualquer amuleto.

Mal sabia o ponto, tampouco seu tinteiro
Que um pingo no branco era letra
E que o seu relevo ao papel impetra
Absorção líquida de um todo inteiro.

Ponto e contraponto, contraste e harmonia,
Completudes - superfície e profundidade -
Sinergia de opostos para mesma unidade:
Branco e preto atraídos ao fixo da magia.

E viu-se impresso totalidades de uma gota
Na pena em movimento apontando direções
Entre matérias, sentimentos e dimensões,
Resplandecendo poesias que à luz exorta.

Vilma Piva

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sábado, 13 de agosto de 2011

Brincar de Amarelinha


BRINCAR DE AMARELINHA

Brincar de amarelinha era só alegria
Lá na minha rua com amigas vizinhas,
Descalças brincando todas as tardinhas
De riscar o chão num céu que ali havia.

Saltar quadro a quadro com um dos pés
Era o desafio que não se podia errar
Prá chegar noutros quadros e descansar,
Sem pisar na linha, saltitando de um a dez.

Uma a cada vez trazia seus cacos de giz,
Outras faziam suas malhas de arremesso
Com casca de banana para o começo,

Marcando casas, saltava lépida a petiz
E aquela primeira que ao céu tivesse acesso
Ganhava-se por certo vivas de sucesso.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Pai


PAI

Do teu rosto
Quanto me lembro....
Daquelas marcas na testa
franzindo teu semblante,
num misto de austeridade
tantas vezes tão breve, passageira,
suavizada por tua bondade.

Da tua voz
quanto me lembro...
Chamando- me “minha filhinha”
entre carinhos e reprimendas
explicando-me o certo e o errado
ou ensinando-me as horas
orgulhoso de seu relógio de bolso.

Das tuas mãos,
saudosa me lembro...
Dos desenhos que fiz seguindo
o caminho das veias azuladas de labutas,
naquela jovem mão calejada da enxada
e das cordas que guiavam animais
desde sua tenra idade ao sol do trabalho.

Dos teus passos...
Quanto me lembro
daquele pisar forte
chegando às tardinhas
de passos já cansados
chamando-nos à sua volta
conferindo o hoje de cada um,
pedindo nossas escolhas
para passeio no domingo, depois da missa.

Ah...e tua espontaneidade
naqueles passos abrindo o baile
com desenvoltura dançando
arrasta-pé, catira e valsa!

E quanto me lembro
daquele carinho recheado
de alegria e aconchego ao cair da noite,
junto dos filhos contando estórias e histórias,
esperando o nosso sono chegar com sua benção
para depois dormir no sossego do merecido repouso...


Ah... Meu querido Pai!
Quanta saudade!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Trigais do Amor

Trigal - Eliseu Visconti - Coleção Particular

TRIGAIS DO AMOR

O amor é mais durável que minha face
Frágil nesse momento que caminho
Semeando trigais para ser moinho,
Como se eu, grão de trigo, o alimentasse.

O amor é a roda viva dourada
Que trago em meus braços de heras
Galgando degraus onde as esperas
Germinam ramos de viver abraçada.

O amor é roda d´agua, irrigada,
No rumor do riso das venturas,
Colorindo a semente lançada.

Ele é fonte de purezas e ternuras
Nas asas que emprestam-me perfumadas
De flores em jarros de loucuras.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

sábado, 6 de agosto de 2011

Rito da Lua



RITO DA LUA

O´ lua de prata, papisa do céu,
Vem chover seus raios como cascatas
Sobre esse inverno que se fez incréu
De seus mantos quentes de cantatas.

Inunda de luzes minha cabana
E aqueça meu pequeno mundaréu
Feito de beijos para meu amado
Na lareira do amor em fogaréu.

Celebre em minha boca o rito
Do beijo penitente para amar
Uma vez mais o peito contrito,

Amado, que ao longe o vi nevar
Enamorado da fria noite, aflito,
por tuas luzes querendo-nos beijar.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Cantante Amor


CANTANTE AMOR

Ouço o canto do teu peito aberto
trazendo amor que me encanta
em verso e prosa o que suplanta
a distancia na tua voz bem perto!

Além do teu belo coração liberto
ouço a dádiva de ser um sonho
de amor cantante, qual exponho
às baladas do teu amor tão certo!

À luz da ribalta, palco do coração,
de tantos sentires que em mim
retirei os espinhos para enfim
beijar-te amando a tua canção!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sorriso



SORRISO

A vida se faz
na graça do sorriso.
- Eu improviso!
*
Só um sorriso
suaviza a tristeza.
- Sorrir traz o bem.

*
Todo sorriso
 é magia, som da alegria.
 Felicidade!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®