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sábado, 26 de setembro de 2020

Viajor




VIAJOR

No mar do meu corpo o teu corpo é  barco 
que navega ondas em meus cabelos perfumados,
entre esconderijos e carícias me embarca
nos sonhos renascidos na pele do desejo.

E contigo remo águas em gotas de suores
viajando tempestades em alto mar de alvuras
debaixo das  rotas furtivas do teu amor
rumo ao porto feliz do teu ancoradouro.

E deslizo na insensatez das minhas marés
envolta no conforto de teus braços  
espalhando-me em ti em águas de beijos.

E singras meu corpo em banho de espumas
e de corpo e alma lavada  alcanço o portal
do teu coração, bússola das minhas profundezas
e da mais pura paixão. O´meu viajor das auroras!

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®



quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Íntimo Olhar


Íntimo Olhar

Há um certo encantamento no ar
conspirando a quietude da minha boca
com essa leveza do meu sonhar
compondo  meus doces arremedos.

Há desejos envoltos de alvoradas
ao lado dos meus labirintos
onde percorro o prazer em deslizar
tua breve caricia no meu corpo
desperto em descobertas.

Há um vento que me impele
ao cálido beijo das palavras 
em busca da tua boca confessa
ao decifrar as faces do amor
suspirantes em nossos olhares.

Há debaixo das tuas pálpebras
o perfil amante das noites enluaradas,
o íntimo horizonte a cada amanhecer,
e um mar de profundezas onde mergulho
em ti num piscar de meus olhos.

E levito num estado de poesia
junto das tuas luas ardentes
para ressurgir em esvoaçantes vestes
levando-me ao descaminho 
 da tua boca.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

sábado, 5 de setembro de 2020

Rotina



ROTINA

Enquanto a tarde descia mansamente
as nuvens vagavam rápidas pelo céu 
nublando minha visão descontente
diante dos desafios desse mundéu.

São tantas lutas caseiras ou não
que nos consomem por inteiras 
 improvisando-nos soldados de chão
em nossas pequenas trincheiras.

Desde o pão nosso de cada dia
até toda intervenção nessa sina
multiplica-se cada ação em ousadia

Para vencer o cansaço dessa rotina
e implorar aos céus  por  toda poesia
em nuvens de algodão e na fé divina.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Solidão




SOLIDÃO

Solitário, aquele banco de jardim
imóvel sob as intempéries do tempo,
é cercado de ventos gelados sem fim
e por estórias esquecidas no tempo.
 
Vê-se o abandono nessa solidão
sob os estremecimentos dos arvoredos
e a cada tremular dos galhos  em vão
soltam-se as  folhas para os degredos.

Sob sol ou chuva aquele banco
fica à espera de alguém por abono
que venha cessar o seu abandono.

E deixar de ser tão só, tão branco,
Para colorir-se de alegrias em dias de outono
e ter a companhia de um sorriso franco!

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Haicai - Papoulas


PAPOULAS

Flor que rotula
Da cura à culinária_
Frágil papoula!

*
Origem asiática
é usada com cautela
planta proibida!

*

Roxa, vermelha,
branca  e cor de rosa 
São essas suas cores!

*

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados  

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Signo do Amor

Obra de Irina Vitalievna Karkabi - Amantes



Signo do Amor

Tu vens signo florescido de amor
Nas pétalas dos perfumes e sorrisos
Ajardinar meu corpo de paraísos
E no orvalho da noite sou tua flor.

Tu vens no vagão da primavera
Precipitar-me abismos de rosas
Por entre tuas pernas ardorosas
Trilhar minha pele de quimera.

E o seio da noite em teus braços
Geme em minha boca sensitiva
Nessa tua rubra cor que atrativa

Tinge carícias em meus abraços
No teu corpo de paixão locomotiva
E embarcas-me em ti sempre-viva.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

domingo, 2 de agosto de 2020

Estadia I




ESTADIA I

...E tu emerges das profundezas
Nesse mar que em súbita maré
Envolve o marulhar das umidades
Num ócio de ondas de ternuras
Salpicando beijos aos meus pés.

Alongam-se os dedos nas águas
Sobre os pelos dourados de sol e sal,
Num transe de lambidas e chamados
Torneando visões de teus afagos
Tragados pela pele dos delírios meus.

Tal esponja absorvida em lúdica estadia 
Enfurecendo o dia para te por em calma
Na noite do meu corpo ensolarado do teu.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

AGÔSTO - Recorte em Destaque



AGÔSTO

Lembro-me bem. Foi quando julho se foi, que um vento mais gelado, mais destemperado, que arrastava ainda folhas deixadas pelo outono, me disse algumas verdades. Convenceu-me de que o céu começaria a apresentar metamorfoses avermelhadas. Que a poeira levantada por ele daria lições de que as coisas nem sempre ficam no mesmo lugar e que é preciso aceitar que a poeira só assenta depois que os redemoinhos se vão.

Foi quando julho se foi que a minha solidão me convidou para uma conversa. E me contou de tempo de esperas. E me disse que o barulho das árvores tinha algo a dizer sobre aceitação. E eu fiquei pensando como elas, as árvores, aceitam as estações que, se as estremecem, também lhes florescem os galhos. Mas tudo a seu tempo. Foi em agosto que descobri que os cachorros loucos são, na verdade, os uivos que não lançamos ao vento. São nossos estremecimentos particulares que a nossa rigidez de certezas não nos permite encarar.

O mês de agosto tem muito a ensinar. Porque agosto é mês jardineiro, é dentro dele, berço do inverno, que as sementes dormem. Aguardam seu tempo de brotar. Agosto é guardador da boa-nova, preparador de flores. Agosto é quando Deus deixa a natureza traduzir visivelmente o tempo das mutações.

Mude, diz agosto, em seu recado de sementes. Aceite, diz agosto, com seu jeito frio de vento que levanta poeira e a faz avermelhar o céu. Compartilhe, diz agosto. Agasalhos, sopas quentinhas, cafés com chocolate, abraços mais apertados – eles também aquecem a alma e aninham o corpo. Distribua mais afetos, que inverno é acolhimento, é tempo de preparar setembro. E, de setembro, todos sabemos o que esperar. Esperamos a arrebentação das cores, que com seus mais variados nomes vêm em forma de flores.

Vamos apreciar agosto, recebê-lo com o espanto feliz de quem não desafia ventos. Que ele desarrume e espalhe suas folhas e levante suas poeiras.
Aceite as esperas, mas coloque floreiras na janela.

Só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera! 

Miryan Lucy de Rezende
Escritora e Educadora Infantil “