segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Tempestade



TEMPESTADE

Colidiram em prontidão nuvens
Escuras que encobriram o céu
Aos troares de relâmpagos ao léu,
Saraivando raios nas paragens.

Espocaram estopins aos ouvidos
Instalando pavores no luminar
Das trovoadas iradas, a relampejar,
Faíscas clarões num céu de rugidos.

Impiedosamente a chuva decidira
Desabar águas entre rajadas de ventos
E ser temporal truculento que zunira
Sem dó sobre os telhados sonolentos.

Aturdida, orei como quem perece,
Trêmula, pedi a Deus sua proteção
E à Santa Barbara divina compaixão
Por nossas penas e que o castigo cesse.

Vilma Piva
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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Violetas



VIOLETAS
 
Violetas vivem
canduras cor de rosa
Além das vidraças.
 
Vilma Piva
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Renascimento


RENASCIMENTO

Transcender, luzir,
e deixar-se reflorir
nas cores da estação.


Vilma Piva
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cavaleiro Guardião




CAVALEIRO GUARDIÃO - Décimas -

Se Príncipe ou Mago, Mosqueteiro ou Gladiador,
Por entre jornadas brumosas ou à luz das miragens
O garbo do cavaleiro tatuado nas tuas bagagens
Traz na face todos os prismas do poeta sonhador;
E no brasão da galhardia a pluma azul do destemor
Dissipando as distâncias com valentias e levezas,
Desfraldadas bandeiras, em teus punhos de destrezas,
Enfrentas os mitos das cruzadas com poções de amor
À tua amada, num riso de um rito de puro esplendor
Consagrando-se ao parnaso, guardião das nobrezas !

Vilma Piva
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Enlevo


ENLEVO

Reflete a lua o teu cantar
e sobre as águas do lago
chovem gotas de afagos
ancorando-te azul estelar.

E do teu canto vem o sonho,
o reflexo do céu e a nascente,
luzes, melodias em torrentes
e o reger do encanto risonho.

E a poesia vem me contar
 o sentido da atração indecifrável
exercitando meu corpo raptável
ao êxtase do teu paraíso de amar.

Vilma Piva
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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Fogueira




FOGUEIRA


Na fogueira que tu ardes
Tem o ritual da magia
Conspirando alardes
Com vibração de poesia.


Vilma Piva
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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Primavera




PRIMAVERA

Perfuma-se a rosa
de paixão sincera_
Essência da primavera!

*
**
*
Primavera multicor
Colore a vida na terra
Florescendo pétalas de amor.

Vilma Piva
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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Atos e Hiatos


ATOS E HIATOS

Na condição humana
atos e hiatos
compõem histórias e fatos.


Vilma Piva
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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Canteiros de Amor


 


CANTEIROS DE AMOR

Tenho–te entrelaçado no meu existir
Pressentido de meu amor em teus beijos,
Num buquê de aromas no pulso do desejo
Feliz, na minha boca amorosa em teu sorrir.

À luz do tempo, no campo dos teus abraços,
Lado a lado, sem apartar-me dos teus passos,
Misteriosamente livres, ternos, que o teu elixir
Deixou folhas e flores em meus cabelos,

Sonhando céus nos degraus azuis da noite
Etérea, e na face das pétalas que em açoites
Galgam-te ofegantes  sentires, que ao vê-lo
Chove em minhas mãos os teus canteiros,

Silenciosos de regas nas minhas dores
Róseas de amor, em beijos de esplendores,
Das noites grávidas em teu signo jardineiro.

Vilma Piva
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Traducción Español 

*CANTEROS DEL AMOR

Te tengo entramado en mi existir,
Presentido de mi amor en tus besos
En un buquet de aromas en el pulso del antojo
Feliz, en mi boca amorosa en tu sonreír.

A la luz del tiempo, en los campos de tus abrazos,
Codo con codo, sin apartarme de tus pasos,
Misteriosamente libres, tiernos, que tu elixir
Dejó hojas y flores en mis cabellos,

Soñando cielos en los escalones azules de la noche
Etérea en la faz de los pétalos que en azotes
Te recorren jadeos sentidos, que al verlos
Llueve en mis manos tus canteros,

Silenciosos de riegos en mis dolores
Rosados de amor, en besos de esplendores,
De las noches embarazadas en tu signo jardinero.

*Traducción ROSA BUK
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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tempo Distante - Carro de Boi


TEMPO DISTANTE
[Carro de Boi]

Um carro de boi
À beira de uma estrada...
Hoje asfaltada.


Vilma Piva
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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Cerejeira



CEREJEIRA


Da margem do rio
a natureza sorri
em flores róseas.

Vilma Piva
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Lembranças

Obra de Gary Benfield


LEMBRANÇAS

Ele, a quem eu amava nas tardes das esperas
Chegava na noite acendendo meu olhar
Com a rara beleza de enlevar meu sonhar
Pelos campos floridos das primaveras.

Ele, a quem a lua me disse e confidenciara
Suas cheias, seus quartos e as crescentes
De um amor sem igual, sem minguantes,
Avisando-me que esse amor é, está, e aqui ficara!

Talvez porque somos feitos de almas escolhidas,
Talvez porque não sabemos amar às escondidas,
Talvez porque a coesão uniu querências esquecidas...

Sempre, sempre me recordo das tuas pegadas de amor
Tombando meu coração refém ao teu clamor!

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

Reflorir



REFLORIR

Hoje preciso de uma janela clara
Que leve meu olhar para o jardim
Só prá ver o sol nascer em mim
Feito flor que desabrocha a sorrir
Para um dia acordado de pássaros,
Borboletas coloridas ao vento
Ao som das revoadas de asas
Para encantar o meu reflorir.

Vilma Piva
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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Opaca Noite



OPACA NOITE

A nostalgia fere o suspiro azul
Desprendendo do céu fragmentos
De uma lua pálida em lamentos
Desbotando-se em dores ao sul.

A vagar desalentos entardecidos
No peito que se fizera amor cativo
De febres ao sol,ainda que fugitivo,
Transcendiam abraços estendidos.

No sopro amante daquele instante
Onde enfim minha dor soubera
Do triste aceno que tão semelhante

À opaca noite que ontem se fizera,
Ardil de amor, na lágrima murmurante
Descolorindo minha face à tua espera.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

ELE


ELE - Rondel XV -

Ele, desbotado por outros beijos,
Não sabe do teor da minha boca
Amorosa, sabendo-te meu desejo,
Hoje avivado por uma lágrima tôsca.

Talvez nem saiba dos meus ensejos
Nem das verdades da língua louca.
Ele, desbotado por outros beijos,
Não sabe do teor da minha boca.

Desgastou-se o que era sobejo!
Coube-me descolorir, ser rouca,
E chorar o que há muito marejo
Naquela boca tornando-me fôsca,
Ele, desbotado por outros beijos.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

Sonho à Dois


SONHO À DOIS - Rondel XIV -

Num sonho nosso que à dois lateja
Debaixo de nossas línguas de delícias
Traçando entre dentes o que sobeja
O íntimo do nosso arroubo em carícias.

À sós, debaixo do sonho que corteja
O assalto de nossas roupas em perícias,
Num sonho nosso que à dois lateja
Debaixo de nossas línguas de delícias.

Sonhar bem do nosso jeito. Assim seja
Na varanda, no quarto, na ala vitalícia,
Só nós dois, somente no que se deseja
Só nosso, se acerto ou erro em felícias
Num sonho nosso que à dois lateja!

Vilma Piva
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Caleidoscópio


CALEIDOSCÓPIO

Descansando fardos e mãos
Aos pés dos rochedos dos dias,
Mergulhei no peso das ausências
Sobrepostos no prumo da ilusão.

Bem ali desembrulhei meu rosto,
Asfixiado, pondo em fuga os ares
Das fitas que liberam o claustro
Do Abril de meus sonhos em cores.

E de braços abertos respirei cartas
Penduradas no cimo do horizonte,
Num caleidoscópio de tintas fartas
A compor-me egressa na tua fronte.

Sem que saibam ventos a esmos
No mosaico da tua boca a paixão,
Todo meu alívio, ainda que os mesmos
Neguem-me vinhos de teu coração.

Vilma Piva
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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Estagnação


ESTAGNAÇÃO

Desce a vida sem os sentidos de outrora
E a estagnação é nevoenta na noite escura
Embaçando horas foscas, cinzas do agora,
Quando a vida dita verbos dizendo-lhe não.

Alegrias se calam com sabor de decepção
No breu da boca da noite fria, descolorida,
Sem os sonhos repaginados de uma ilusão
Quando a vida dita verbos dizendo-lhe não.

Melancólicas agonias adormecem no vazio
Das mãos ao relento sem que se acelerem
Sonhos de um suspiro no marasmo que fere,
Quando a vida dita verbos dizendo-lhe não.

Letárgico coração. Real é a descrença e a visão
Que cortante sangra os pulsos de um coração
Quando a vida dita verbos dizendo-lhe não.

Vilma Piva
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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Se Houver Amanhã




SE HOUVER AMANHÃ

Se houver amanhã
A lua fincará minhas mãos
Num sopro de silencio
Sobre a terra levantada.

E verterão estrelas em amiúdes
Na noite escura dos meus olhos
À primeira luz derramada
No corpo do fascínio
E na jugular da paixão.

E o mundo se fará em nós dois
Em êxtases de garras consteladas,
Num supremo instante de fulgor,
Na língua do inverno em erupção
E na vertigem dos meus dedos
No teu peito de luz, mar e verão.


Vilma Piva
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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Haicai- À Beira do Rio




*
Na beira do rio 
brincam na água furtada
 pés de descanso.

*
De pés molhados
pensamentos navegam_
flor d´agua do rio.

*
Rio generoso
por entre o verde das matas
reflexo de Deus..

*


Vilma Piva
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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Estrela Cadente



ESTRELA CADENTE

A noite passou e ninguém viu
Uma estrela cadente no céu,
Por um breve instante ao léu
Emigrando do ponto que surgiu.

Num piscar de reta cintilante
Houvera em meus olhos a fração
Do universo, movimento- ação
Desprendendo-se faiscante.

Força e luz da órbita celeste
Na varanda dos meus cílios
Fragmentando-se em desvarios,
Curvados na paz que me veste.

A noite passou e ninguém viu....
O cenário cintilar que comigo partiu....

Vilma Piva
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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Rota da Luz


 
ROTA DA LUZ

Me perdi no vôo solo, elevada,
Quando nuvens apagaram rastros
De um arco-íris no porta retratos
Daquela tarde de asas ao nada.

E ali pousei meu concreto cansaço
Entre o branco e preto da estiagem
Querendo revoadas na passagem
Em azulados sonhos a cada passo.

E sonhei no cosmo com teu abraço
Escrevi no céu meu doce aconchego
E sobrevoei bem perto do chamego
Das tuas asas que me faziam encalços.

E pairas sobre mim em volteios
Colorindo as esperas, me induz
Ao centro do desejo, nossa luz,
Iluminados de amor e gorjeios.

Vilma Piva
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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Albatroz


ALBATROZ

Sutilmente digo que ouço tua voz
Nos murmúrios do meu coração,
Impulsionada por pura emoção
A voejar junto de ti, meu albatroz.

 
Deixo-me embalar no crescente,
Na pressa das nuvens azuis- liláses
Equalizando sons em vôo de ases
Permitindo meu mundo continente.

E singro o teu amor de tal envergadura
Em mergulhos imersos no ar e no mar,
Rasgo cortinas de ternuras a me guiar
E não resisto ao príncipe das alturas,

Errante, liberto, solitário a declamar
Aos meus ouvidos tua poesia de amar.


Vilma Piva
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Machado de Assis



"A ausência diminui
as paixões medíocres
e aumenta as grandes,
como o vento apaga as velas
e atiça as fogueiras."



 Machado de Assis
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