O poeta queria mesmo ser *fraseador
Dos mundos das coisas e miudezas.
Queria o que sentia um palavreador
Durante a busca das singelezas.
Ele tinha um caso com a palavra.
Desde muito cedo via belezas
Que se juntavam à sua lavra
Como pedras em suas purezas.
Ouvia nas conchas sons do mundo
E via o rastejar das lesmas no chão,
Fazia de conta que o sapo rotundo
Era boi e viajava de sela no sapão.
Pensava na garça branca de brejo
Mais linda que uma nave espacial.
Era da roça, do chão sertanejo,
E voava com pássaros do pantanal!
Vilma Piva
Amiga Wilma, bela e justa homenagem ao fabuloso Manoel de Barros. O Brasil precisa conhecer este grande poeta.
ResponderExcluirUm abração. Tenhas um lindo fim de semana.
Soneto-acróstico
ResponderExcluirA Manoel de Barros
Mas Manoel como no Gêneses fez o criador
Amassava o barro e dele seus versos fazia
Naturalmente com maestria conduzia andor
Ordenhando da natureza o maná da poesia.
Ele era vate que bebia diretamente na fonte
Longe desses modismos que por aí estão
Deitado a contemplar a fímbria do horizonte
Em cada bicho ou árvore achava inspiração.
Bedel da harmonia e da beleza pantaneira
Amava o despretensioso e a simplicidade
Receptivo ao descomplexo à sua maneira.
Renhido poeta, não desdenhava a verdade
Observador atento nunca escrevia besteira
Sua obra caracteriza uma espontaneidade.