segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

I - A Lata - Do Universo de Manoel de Barros -




A LATA

Miudezas transitam lá no quintal
Sobre uma lata enferrujada
Esquecida num canto, jogada,
Rodeada por musgo, limo banal.

É ali, desde o orvalho matinal,
O pouso dos caracóis em noitadas
Que rastejantes abrem estradas
Com suas barrigas pelo matagal.

Um mundo à parte lá no quintal
Onde a lata é cortejada
Por môscas em escaladas vivas.

E orgulhosa de ser quase imortal,
De nas ruas não mais ser chutada,
Cria raízes em estágios de poesias.

Vilma Piva
Direitos Autorais Reservados ®

3 comentários:

  1. Olhar poético, vê inspiração em tudo...
    Beijos
    Sandra May

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  2. Soneto muito expressivo, além de inspirado e belo; gostei muito!

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  3. Nada mais lindo que este olhar da poesia.
    Inspiração acelerada na referencia do mestre.
    Um show Vilma com toda sua arte nos sonetos belos e perfeitos.

    Diria Gilberto Gil: "Uma lata existe para conter algo, mas quando o poeta diz lata, pode estar querendo dizer do incontável..."

    Abraços amiga.
    Beijo

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Obrigada pelo carinho da sua leitura e comentário!